terça-feira, 5 de março de 2013

De quando éramos demônios ou Poema Confissão


Às quatro e meia,
     as casas mergulhavam
     em profundo silêncio.

Todos os demônios
se reuniam
e esperavam
armados
sob o pé de castanhola.

E não havia ódio
nem,
tampouco,
guerra.

Às quatro e meia,
     por meses a fio,
     ele aparecia.

E cantava,
enorme e
sedutor.

Às quatro e meia,
     ele sobrevivia
     e ia embora
     indiferente.

E os demônios
voltavam para casa
frustrados,
fedendo
a prazer
e maldade.

Ontem,
        às quatro e meia,
            acertaram-lhe
            uma pedra
            no peito.

E fizeram festa.

Hoje,
     às quatro e meia:
         um vazio
         na rua,
              nos corações
e
     nos ouvidos.

Tuan R. Fernandes - Março de 2013

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