sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Da auto-reflexão desconcertante ou Poema das Descertezas


Lâminas ou projéteis que invadam.
Tratores que destruam jardins
e derrubem muros.
Terremotos.
Trovoadas.

Palavras que espanquem,
que dilacerem,
que perfurem:
Que estraguem.

Hoje não quero flores, nem sutilezas.

Quero hematomas nestas verdades.
Vermelho, preto, verde, lilás:
Quero cores que ensinem.

Tuan R. Fernandes - Out. 2011/ Fev. 2013

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Ventania

Tudo se afasta:
Ventania.
Sinto que alguém olha para mim,
de muito longe.

As árvores se debatem.
A aurora,
grita.
A janela assovia
um fado qualquer.

Em algum lugar,
uma tormenta
arrebenta
minha embarcação.

De quem será este coração,
que passou voando
feito andorinha?

Tuan R. Fernandes - Fevereiro de 2013

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Tormento

A luz apaga,
A porta bate:
Silêncio.

Fecho os olhos.

De repente, um estalo:
o vento.

Amanhã há de acabar este tormento.

Aos poucos, por detrás das pálpebras,
na escuridão, algo ganha forma.
De repente, uma sensação,
um sentimento novo me apavora:

Estou numa galeria sem tamanho,
na qual meu corpo enorme
nada é.

Luto, imóvel, desesperado, mas venço:
Abro os olhos, assustado:
Existo.
E não sou imenso.

Esta noite há de findar,
não demora.
A manhã há de acabar este tormento.

Tuan R. Fernandes - Fevereiro de 2013