Uma nuvem
de três andares
passeia sobre a cidade:
neblina sobre a Messejana.
Meu peito nu
conversa com ela
e
se arrasta com ela.
Se pudesse,
iria,
e me desfazia
logo alí
Lenta e
dolorosamente.
A ponta
dos meus dedos
ainda tocam
este chão gelado.
Minha boca
de merda
ainda sonha:
E eu desperto
no meio da noite
com você
inteira
em minha garganta.
Tuan R. Fernandes
Março de 2014
Run,Tuan! Run!
quarta-feira, 1 de outubro de 2014
Culpa
Nada sei
sobre o brilho
das coisas.
Nem sobre o betume
que a tudo envelhece.
Meu peito ainda queima:
A música acabou:
haviam violinos,
agogôs,
e uma voz,
sem palavras.
Aperto
com força
meu peito
para estancar
a dor,
mas é inútil.
[Eu só sei
que nas trevas,
nem a lua.]
Amanhã
não haverá
quem lembre
de cada sacrifício,
nem de cada recomeço.
E quando
se dissipar
a memória do fim,
não haverá mais nada.
Tuan R. Fernandes
Abril de 2014
sobre o brilho
das coisas.
Nem sobre o betume
que a tudo envelhece.
Meu peito ainda queima:
A música acabou:
haviam violinos,
agogôs,
e uma voz,
sem palavras.
Aperto
com força
meu peito
para estancar
a dor,
mas é inútil.
[Eu só sei
que nas trevas,
nem a lua.]
Amanhã
não haverá
quem lembre
de cada sacrifício,
nem de cada recomeço.
E quando
se dissipar
a memória do fim,
não haverá mais nada.
Tuan R. Fernandes
Abril de 2014
quarta-feira, 25 de setembro de 2013
Desastre
Vi naqueles olhos
uma teia negra.
[Vi um abismo]
Dos lábios azuis,
um gosto de mar
ou de veneno.
e o vento
murmurava o caminho:
Sobre minha sela
um canto de sereia
e nada mais.
Tuan R. Fernandes - Agosto de 2013
uma teia negra.
[Vi um abismo]
Dos lábios azuis,
um gosto de mar
ou de veneno.
e o vento
murmurava o caminho:
Sobre minha sela
um canto de sereia
e nada mais.
Tuan R. Fernandes - Agosto de 2013
sábado, 3 de agosto de 2013
Pulso
Sussurros de além-mar.
Ausência em coração.
Uma corda envolve meu pulso [seco
como este rio]
frágil como esta pedra.
Nada queima - Nem naufraga.
Nada rasga este muro,
nada.
Tuan R. Fernandes - Junho de 2013
Ausência em coração.
Uma corda envolve meu pulso [seco
como este rio]
frágil como esta pedra.
Nada queima - Nem naufraga.
Nada rasga este muro,
nada.
Tuan R. Fernandes - Junho de 2013
quarta-feira, 27 de março de 2013
Ciúme
[não Vi]
folhas-verdes
Flores
Carmim
ciúme
Cegueira
fina
[Cor ação]
to ntur a
Cacim
Polvo
Porco
saci-menina
escuma
Escura
Cetim
Mu
ra
lha
rasgando
neblina
ba
O que fizestes
não se faz.
Que dor
mordaz
me impusestes!
[Netuno:
Maremoto
Calmaria]
eu Vejo
E me vou.
[é tudo retina]
Tuan R. Fernandes - Março de 2013
folhas-verdes
Flores
Carmim
ciúme
Cegueira
fina
[Cor ação]
to ntur a
Cacim
Polvo
Porco
saci-menina
escuma
Escura
Cetim
Mu
ra
lha
rasgando
neblina
ba
O que fizestes
não se faz.
Que dor
mordaz
me impusestes!
[Netuno:
Maremoto
Calmaria]
eu Vejo
E me vou.
[é tudo retina]
Tuan R. Fernandes - Março de 2013
segunda-feira, 25 de março de 2013
Último cigarro: Ampulheta
Malas
prontas no meio da noite.
Um
aperto forte no peito.
Um
derradeiro passeio pela casa.
[Uma
camisa, roubada por impulso,
perfumava
o ombro]
Chego até a porta, giro a chave,
seguro a maçaneta,
mas não consigo...
Viro-me e encaro a sala, arfando.
Um carro passa e faz brilhar o
cinzeiro na janela:
“Um último cigarro talvez me
ajude”.
Walter,
Não
posso mais. Minha coragem chegou ao fim. Este é o limite. Não posso mais. Não
conseguimos e não vejo como vamos conseguir. Tínhamos um sonho, mas agora vou
atrás dos meus. Te segura, te sustenta e persiste se quiseres.
Clara
Quem
poderia dizer que um sonho não vale tanto?
Quem
atiraria pedras contra minha vontade de ser feliz?
A
liberdade, em sua inteireza,
inexiste.
[e
esta verdade agora me é óbvia].
Que
sentido faz,
então,
abrir
mão do pouco que nos resta?
O táxi chegou buzinando e
rompendo com violência
alguma coisa dentro de mim.
Pensei já ter chorado tudo, mas
não...
Minhas pernas cederam e não havia
nada em que se segurar.
Com o rosto contra o chão gelado
vi tudo por um novo ângulo
e a sala me contou em dois minutos
toda a sua história,
demorando-se dolorosamente sobre as últimas semanas.
A
brasa vermelha esmorece.
A
casa fica escura e tudo silencia:
É
hora de partir.
Tuan R. Fernandes - Março de 2013
sábado, 23 de março de 2013
Antes de mim
[Minha mãe achou uma foto antiga]
Cinza -
claro e escuro -
era a cor de todo aquele absurdo.
Observo e escuto,
assustado,
as histórias
dos adultos:
"Um dia, meu irmão
viajou para Fortaleza
e trouxe de lá este vestido
e este relógio azul".
Na foto,
há uma árvore pequena,
uma parede gasta,
e minha mãe-criança
sorrindo.
Ao seu redor:
O mundo
e
o esquecimento.
[Esse relógio tinha cor?
Onde ele estará agora?]
Tuan R. Fernandes - Março de 2013
Cinza -
claro e escuro -
era a cor de todo aquele absurdo.
Observo e escuto,
assustado,
as histórias
dos adultos:
"Um dia, meu irmão
viajou para Fortaleza
e trouxe de lá este vestido
e este relógio azul".
Na foto,
há uma árvore pequena,
uma parede gasta,
e minha mãe-criança
sorrindo.
Ao seu redor:
O mundo
e
o esquecimento.
[Esse relógio tinha cor?
Onde ele estará agora?]
Tuan R. Fernandes - Março de 2013
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