quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Alice

O mar beijou mil vezes os pés de Alice e sussurrou.
O que te faz tão triste?
Alice apontou para trás.
O continente?
Não, o passado!

Sua companheira observava de longe.
Sentia a tempestade chegar,
via as nuvens escuras no horizonte:
Desesperava.

Na primeira ventania, Alice se foi. 
A casa ficou amarga. Sônia culpava o céu, o mar...
Meses depois, no metrô, viu-a descendo.
Ainda teve o impulso de... mas não, não era ela...

Dez anos voam. O túmulo continua bonito. Alice gostava de margaridas.
Ângela ficou sozinha por um instante, perto do carro.
Sônia aproximou-se e se ajoelhou:
Me desculpe,

Trezentos anos custam.
Sônia nada mais é. Ângela, carro, túmulo...
De Alice, sobraram alguns poemas.


Tuan R. Fernandes - Novembro de 2012

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