segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Agonia


Júlio se sentia tão pequeno e insignificante que parecia ter acordado do tamanho de uma formiga naquele mar de lençois. Sonhou com um galo cantando e acordou agoniado com um questionamento: "Quem estou sendo?" - Triste, afundou-se no travesseiro. A resposta era óbvia e o maltratava. Respirou fundo, tentou se levantar, mas não havia forças. Desequilibrou-se e desabou novamente na cama. Lá ficou, olhando para o teto... Uma vontade de rir, outra de chorar...
De repente ficou sério e se levantou decidido. Vestiu as calças, abriu a porta do quarto e saiu. Sua mãe e seu irmão deram um bom dia desanimado. Não foram respondidos. "Mas que falta de educ..." - Júlio a interrompeu mostrando-lhe a palma da mão com rispidez. Sua mãe se calou perplexa. Ele continuou andando, sem olhar para ninguém. Cruzou a sala e tomou o rumo da rua. Nunca mais voltou.


Tuan R. Fernandes

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